sábado, 29 de setembro de 2012

ISOLAMENTO OU SOLIDÃO?




É engraçado como nossos olhos começam a perceber determinadas coisas e situações depois que temos contato próximo com elas.

Nossas mentes se comportam como se estivessem cegas, embotadas, para perceber o que sempre esteve presente em nosso ambiente, mas devido ao desinteresse, o nosso "foco cognitivo" não conseguia perceber. 

Um exemplo disto é quando compramos determinada roupa, determinado carro, percebemos quantas pessoas fizeram o mesmo. Da mesma forma só depois que alguém próximo a nós engravida, começamos a reparar na infinidade de grávidas que estavam ao nosso redor e nem tínhamos percebido.

O mesmo acontece nos relacionamentos: quantas vezes nos decepcionamos com pessoas, não por elas terem descumprido ou desrespeitado algum acordo que tivessem feito conosco, mas pelo simples fato de esperarmos dela(s) atitudes que nossa  própria mente projetava como sendo a atitude presumível ou desejável (por parte do outro) em determinada situação.

Como poderia alguém suprir o “vazio universal” que habita em cada de nós? Como alguém pode ser o responsável por nossa felicidade ou sofrimentos, se estes sentimentos independem do outro?

Precisamos entender o seguinte, como pessoas individuais e sociais que somos: todos temos o nosso universo pessoal (e inconfessável) e, a partir deste reconhecimento, deveríamos entender e respeitar o universo individual do outro.

Portanto,  nossa  busca dever ser pelo equilíbrio nos relacionamentos, respeitando as individualidades, sem que com isto deixemos de buscar e implementar  o aperfeiçoamento da interseção (quase matemática), que une as pessoas em seus relacionamentos afetivos e fraternais, evitando invadir os campos alheios ao relacionamento (a individualidade do outro).

A atitude de muito buscar  respostas, procurar evidências e cobranças em todos os aspectos, levam ao desgaste de qualquer relacionamento. A atitude inversa (sendo avesso à discussão das falhas ou dos pontos que podem ser melhorados) também condenam os relacionamentos a finais dramáticos ou ao isolamento de uma das partes.

Entendamos que a palavra ISOLAMENTO tem significado negativo e apesar de sinônima da palavra SOLIDÃO, é antagonica a esta. Vejamos os significados: 

A palavra ISOLAMENTO é “s.f. Ação ou efeito de isolar. Estado de uma coisa ou de uma pessoa isolada.”
A palavra SOLIDÃO é “s.f. Estado de quem está só, retirado do mundo; encantos da solidão.”

Reparemos que a palavra ISOLAMENTO reflete, em sua definição algo imposto pela própria pessoa ou por outrem.  Deixando bem claro um sofrimento implícito, quase que arrastado. 

Em contrapartida a palavra SOLIDÃO tem uma definição mais suave, na qual a pessoa escolhe estar “retidada do mundo” e se deleita, edificando-se com a situação. Tanto que existe um ditado que diz: “Quem aprende a viver em solidão está pronto a conviver com os outros”.

Observemos que esses momentos de solidão devem ser bem aproveitados, para a reflexão, o aperfeiçoamento, a compreensão e aceitação do seu EU como um todo e para o aprimorar  o respeito ao universo particular de seus pares;  evitando o “lamuriar-se”,  culpar o mundo por seus infortúnios, porque se assim fosse,  este estado não seria de SOLIDÃO e sim ISOLAMENTO.

Portanto, como disse no início, só depois de vivenciarmos determinadas situação em nossas vidas é que nossos olhos serão abertos para contemplar as pessoas e o mundo (com suas nuances) como realmente são e não com a visão turva e embotada pelo ISOLAMENTO auto-imposto.

Bom final de semana e um forte abraço!

4 comentários:

  1. mais uma vez o egoísmo impera nessas situações, se o egoísmo não existisse conseguiriamos perfeitamente enxergar com clareza tudo que acontece a nossa volta.estamos tão preocupados com os nossos próprios problemas e eventos cotidianos que esquecemos de ajudar a quem necessita da nossa ajuda,de ouvir um desabafo de um amigo ou familiar,de compartilhar momentos com aqueles que nós dizemos prezar e estimar e na ausencia dessas e outras atitudes acabamos magoando, muitas das vezes sem saber, aqueles a quem estimamos, causando este isolamento ou estado de solidão

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  2. Ah e outra coisa de suma importancia:nós só sabemos das coisas quando acontece conosco.Não adianta fazer a pessoa entender ou compreender a dor que é a perda de um ente querido ou de um amigo,por exemplo, se ela sequer tenha passado por algo semelhante

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  3. Este poema de Mario Quintana reflete bem algumas de nossas atitudes (inconscientes na maioria das vezes)o que acaba desencadeando esta postura de solidão ou isolamento..

    Deficiências (Mario Quintana)

    Deficiente-É aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

    Louco-É quem não procura ser feliz com o que possui

    Cego-É aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

    Surdo-É aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

    Mudo- É aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

    Paralitico-É quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda

    Diabético-É quem não consegue ser doce.

    Anão-É quem não sabe deixar o amor crescer.E finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois miseráveis são todos que não conseguem falar com Deus.

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    1. Belíssimo e oportuno poema do Sr. Quintana.

      Obrigada por seus valiosos comentários!

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