Assisti,
hoje, a um vídeo emocionante de um casal de pequenas crianças orientais,
vestidas com capas de chuva. No tal vídeo, eles teriam que transpor uma valeta. O menino passou
primeiro e esticou a mãozinha para ajudar a menininha (amedrontada) a
passar. Ela segurou sua mão, olhando para o buraco, meio indecisa, então, balançou a
cabeça, negativamente...Ele insistiu, mas percebendo a inercia da menina, fez um
sinal para que ela desse uns passos para trás, esticou uma perna, depois a outra, fazendo uma “ponte suspensa” sobre o buraco, deitando em decúbito ventral. A menina
olha aquela cena de gentileza e amor e decide
passar sobre o corpo do menino, utilizando-o como uma “ponte” (criada por seu
companheiro naquela “aventura”).
Fiquei
pensando em quanto amor, comprometimento e preocupação estavam implícitos
naquele ato de abnegação por parte de
uma criança tão pequena. Pensei também em como a pureza e o amor fraternal se
corrompem ao longo dos anos. Será que, daqui há 20, 30 anos aquele pequeno,
amoroso e cordato menino ainda terá resquícios desses atributos? Ou eles (e
ele) se perderão sob as maldades, egoísmos e loucuras da atualidade?
Em
dias de facilidades, desobrigações e busca de vantagens pessoais, nos
acostumamos às “modernidades” de não precisarmos adquirir coisas definitivas,
pois os descartáveis suprem a maioria das necessidades e não nos “escravizam”
aos cuidados inerentes à manutenção do bem ou relacionamentos.
Tanto
é assim que quando organizamos uma festa, buscamos o maior número possível de “descartáveis”
(chamados de serviços terceirizados) dos quais usufruiremos, mas sem nenhum
compromisso com a manutenção deles, exceto durante àquelas horas pelas quais
estaremos pagando.
Ficamos
acostumamos aos contatos frios, distantes (em paginas de relacionamento), nos
quais o único compromisso é com a “própria
verdade” ou a “própria comodidade”...
O mais absurdo de tudo isto, é que agimos assim até mesmo com as pessoas que conhecemos há
anos, com as quais mantínhamos contatos mais estreitos e constantes. No entanto,
o “comodismo” de termos aniversários, datas importantes e novidades postados “nas
nuvens”, mantendo-nos atualizados, nos leva à manutenção de contatos
impessoais, até mesmo com os que faziam parte de nosso antigo convívio social.
O
mesmo procedimento pode ser observado quanto aos relacionamentos: se hoje sabemos de “um amor eterno”, amanhã a tal “eternidade” já mudou de rumo, status, pessoa
(???). As pessoas descartam as outras como descartam-se absorventes, fraldas sujas,
aparelhos de barbear ou copos descartáveis usados.
Ainda me espanto com
a facilidade de proferir a frase “eu te amo”, para gato, cachorro e companhia
limitada, sem discernimento e muito menos sinceridade. É mesmo uma pena que
coisas tão sublimes tenham sido relegadas ao nível de irrelevante importância!
Entendo
que a modernidade nos trouxe muitos benefícios em termos de tecnologia e
facilidade de vida, mas tem subtraído o que existe de mais importante: a nossa HUMANIDADE.