quarta-feira, 21 de novembro de 2012

RECONHECENDO






Em meio ao turbilhão que minha vida está passando, andava meio sem inspiração para escrever, mas a visita ao blog de uma querida leitora despertou minha inspiração (momentaneamente desaparecida). 

Lá pude ler sua gratidão por sua existência e por seus desafios pessoais. Também encontrei frases perfeitas para definir como minha mente se encontra, no momento: "Não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses." (Rubem Alves)

Minha vida tem passado por  transformações assustadoras e outras agradabilíssimas, mas meu EU ainda reluta em aceitar algumas delas. Daí meu silêncio, minha falta de inspiração.

Minha alma divaga, meio perdida entre a razão e a emoção, sentimento agravado pela impotência em determinadas situações.

A leitura de tamanha gratidão, exposta por uma pessoa que só conheço através de seus escritos (que retratam sua alma), me despertaram um novo vislumbrar para o meu horizonte que se mostrava tão opaco quanto o dia de hoje.

Ler a seguinte frase tocou um alarme em minha mente: "O amor é uma bela flor à beira de um precipício. É necessário ter muita coragem para ir colher." (Stendhal)

Ter a coragem de “colher” o amor, mantendo-o plantado em seu local de origem (para mantê-lo vivo) é uma atitude de abnegação e comprometimento profundo, pois tal como acontece com a flor, arrancá-lo de sua “terra natal” significa tirar-lhe a vida, mutilando (cortando o talo) e separando-o de sua raiz que o alimentará durante toda a vida.

Percebi, com o rosto emoldurado por um sorriso sorrateiro (que teima em se postar em meus lábios enquanto escrevo), que apesar de todas as evidências, fatos e situações sibilarem que deveria estar com o semblante completamente inverso ao sorriso, ainda me mantenho sorrindo não apenas no rosto, mas em minha alma.

Observei meio embevecida, que toda essa paz e alegria fervilhantes em meu peito, são provenientes da gratidão por minha família, por meus amigos, por minha vida profissional, por minha vida pessoal, pelas experiências espirituais e pelo amor da minha vida.

Entendi que todos os personagens, com quem convivemos, sobem e descem degraus em suas próprias vidas , bem como nas trocas de experiências no convívio conosco. 

Nada é perfeitamente bom ou completamente ruim, todas as situações são degraus, que nos elevarão ou derrubarão até onde o permitirmos. 

“Mas não tenho mais tanta pressa. Comecei a aprender a ser mais gentil com o meu passo. Afinal, não há lugar algum para chegar além de mim. Eu sou a viajante e a viagem.”(Ana Jácomo)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

MUNDO REAL, O QUE É ISTO?


(Imagem Google - Autoria desconhecida)



Quantas vezes nos deparamos com a dúvida: o que é real e o que é projeção?

O ser humano é dotado de um atributo que pode ser chamado de  inteligência, discernimento, poder de observação e/ou decisão. 

Apesar desse  atributo ser comum a todos os seres da raça humana, existem pessoas que se perdem em seus mundos e acabam por confundir o real com as projeções de sua mente.

Esta confusão leva a desentendimentos, por esperar atitudes ou reações que absolutamente estão de acordo com o agente, mas que povoam  as expectativas com relação a tal pessoa.

É obvio que esperar o que não acontecerá leva a frustrações, decepções e consequentemente a brigas e rompimentos.

Precisamos entender que o outro nunca é exatamente do jeito que o visualizamos ou que agirá da maneira que esperamos dele, cada um é o que é, independente da maneira que o mundo o vê ou avalia.

Sofremos e nos decepcionamos, por criar seres fantasticamente inexistentes através de nossos sonhos, experiências e anseios;  e  ao nos depararmos com a realidade dura e inquestionável, somos surpreendidos ao descobrir que nos relacionamos com pessoas das quais desconhecíamos a verdadeira faceta.

Pode ser que eu esteja errada, mas do alto de minha longa existência entendi que o que nos decepciona ou aborrece é esperar do outro o que projetamos como bom ou desejável e não necessariamente o que é real ou factível. Saúde e paz!


terça-feira, 6 de novembro de 2012

CONVÊNIOS DO AMOR




(Imagem do Google - Autoria Desconhecida)



É fato que existem convenções  e justificativas para todos os relacionamentos humanos. Em tudo tendemos a seguir  convenções instituídas (por medo de críticas/punições) ou a justificar atitudes questionáveis, com palavras que, absolutamente, atenuam seus efeitos.

No entanto, existe um sentimento que não está sujeito às convenções e justificativas, simplesmente porque ele é empírico, regido por seus próprios caminhos, governado por ele  mesmo e inflexível ao que é convencionado. Ele se chama AMOR.

No amor, não se segue convenções, faz-se convênios. Não os convênios como conhecemos: onde um entra com o compromisso e o outro lado com as concessões e/ou bênçãos.  

Os convênios do amor  são com a felicidade do outro, onde abstrai-se do ‘eu” para vestir-se do “nós”.

Onde o que se deseja está diretamente ligado ao bem estar do ser amado. Reparem que eu disse “ESTÁ” e não “DEVE  ESTAR”, denotando que não é algo imposto ou suplicado e, sim, algo concedido com a generosidade existente apenas no AMOR.

Quando se ama, o convênio implícito é o de ser e estar feliz pelo simples vislumbrar do olhar da pessoa amada, de acompanhar suas buscas de  metas, de sorrir com o seu sorriso de satisfação, de ouvir e apoiar seus sonhos, de vibrar com suas vitórias, de sonhar sonhos mútuos, de planejar um futuro juntos, de gargalhar com as insanidades do ciúme e de corrigir rotas conflituosas.

Sentimo-nos quebrados na ausência do objeto de nosso amor e necessitamos da força advinda da tão ansiada presença, seja no amor fraternal, filial, patriarcal ou no amor eros.

Enfim, o verdadeiro convênio do amor é com o bem estar do ser amado, sempre reconhecendo os próprios erros e sendo indulgente com os do outro.

Tudo o mais: casamentos, educação e formação de filhos, obediência aos pais e às leis, são convenções que demonstrarão à sociedade que o amor partilhado mereceu devoção.

Portanto, quando se ama, nada é obrigatório, mas desejavelmente doado com abnegação. 

Quando essa abnegação e compromisso diminuem, só pode significar duas coisas: ou o amor acabou ou simplemente nunca existiu (era apenas uma paixão!)

Transcrevo aqui o que li em um blog que sigo (O Escrivinhador):
“William Shakespeare colocou a seguinte verdade na boca de um dos seus personagens: “Falais baixo, se falais de amor”. E não se trata de timidez, como pode parecer. É, sim, respeito, valorização e, sobretudo, reverência pelo sentimento dos sentimentos.”

Boa sorte aos que amam e aos que pretendem usufruir de seus sintomas, abram seus corações.


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A MELANCOLIA DA CHUVA

Imagem do Blog "O escrivinhador"


Estava, hoje, olhando as pequenas e constantes gotículas de chuva, que teimam em derramar-se nesta tarde fria e melancólica.

Não pude deixar de correlacionar o gotejar - ora impaciente, ora reticente - que faz o tal fenômeno natural muito similar aos sentimentos de perda, ressentimento ou desamor que se derramam em corações e mentes, muitas vezes cientes de suas  possibilidades, mas alheios ao fato de que podem chegar em suas vidas.

Temos, em muitos casos, a inocência (ou seria impáfia?) de imaginar-nos protegidos de situações de perda ou desamor. 

Tendemos a crer que os desenganos, doenças ou tragédias, sempre se endereçarão aos nossos vizinhos e amigos, visto que nossos umbrais, estão protegidos pela marca da bem-aventurança.

Essa atitude, mesmo que inconsciente, nos leva a “quedas” inenarráveis, por não nos permitirmos sequer imaginar que determinada situação desagradável possa bater à nossa porta (e entrar!). Quando isso ocorre, ficamos sem saber o que fazer, ao vermos a realidade se transfigurando em uma forma monstruosa de “verdade inquestionável” e, por não termos o tal plano B (que deveria existir na vida de qualquer mortal), ficamos sem direção.

A simples lembrança daquela pessoa querida (amigo, irmão, pai, mãe, avó, avô, filho, cônjuge, etc), que se apartou de nós por causas naturais ou doença; ou que nos abandonou após um desentendimento. Ou, pior ainda, a qual abandonamos à própria sorte por a termos julgado, condenado e impingido a pena do desterro, sem nem sequer termos lhe dado a chance de argumentar em defesa própria. Causando-lhe uma devastação na alma, que em muito se parece ao gotejar da chuva fria e intermitente minando a base de uma montanha ou edificação.
Deveríamos entender (ou procurar fazê-lo) que somos falhos e imperfeitos e esperar do outro o que não estamos doando, ou se estamos, aceitarmos com alegria o que nos é oferecido, evitaria muitos tropeços.

Os veredictos feitos sem saber a motivação de determinada atitude (justificando-nos com o manto da própria inocência e boa fé); imputando ao outro toda a sorte de más intenções e desejos questionáveis, nos afastarão dos que amamos ou pretendemos que nos aceitem como somos.

Tal atitude de ajuizamento alheio, certamente nos levará à imposição do próprio “desterro”, vertendo lágrimas magoadas de solidão e desengano, minando a felicidade que poderíamos desfrutar, caso fôssemos mais flexíveis com as falhas alheias e com as nossas próprias.

Um beijo carinhoso e bom final de semana!