sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A MELANCOLIA DA CHUVA

Imagem do Blog "O escrivinhador"


Estava, hoje, olhando as pequenas e constantes gotículas de chuva, que teimam em derramar-se nesta tarde fria e melancólica.

Não pude deixar de correlacionar o gotejar - ora impaciente, ora reticente - que faz o tal fenômeno natural muito similar aos sentimentos de perda, ressentimento ou desamor que se derramam em corações e mentes, muitas vezes cientes de suas  possibilidades, mas alheios ao fato de que podem chegar em suas vidas.

Temos, em muitos casos, a inocência (ou seria impáfia?) de imaginar-nos protegidos de situações de perda ou desamor. 

Tendemos a crer que os desenganos, doenças ou tragédias, sempre se endereçarão aos nossos vizinhos e amigos, visto que nossos umbrais, estão protegidos pela marca da bem-aventurança.

Essa atitude, mesmo que inconsciente, nos leva a “quedas” inenarráveis, por não nos permitirmos sequer imaginar que determinada situação desagradável possa bater à nossa porta (e entrar!). Quando isso ocorre, ficamos sem saber o que fazer, ao vermos a realidade se transfigurando em uma forma monstruosa de “verdade inquestionável” e, por não termos o tal plano B (que deveria existir na vida de qualquer mortal), ficamos sem direção.

A simples lembrança daquela pessoa querida (amigo, irmão, pai, mãe, avó, avô, filho, cônjuge, etc), que se apartou de nós por causas naturais ou doença; ou que nos abandonou após um desentendimento. Ou, pior ainda, a qual abandonamos à própria sorte por a termos julgado, condenado e impingido a pena do desterro, sem nem sequer termos lhe dado a chance de argumentar em defesa própria. Causando-lhe uma devastação na alma, que em muito se parece ao gotejar da chuva fria e intermitente minando a base de uma montanha ou edificação.
Deveríamos entender (ou procurar fazê-lo) que somos falhos e imperfeitos e esperar do outro o que não estamos doando, ou se estamos, aceitarmos com alegria o que nos é oferecido, evitaria muitos tropeços.

Os veredictos feitos sem saber a motivação de determinada atitude (justificando-nos com o manto da própria inocência e boa fé); imputando ao outro toda a sorte de más intenções e desejos questionáveis, nos afastarão dos que amamos ou pretendemos que nos aceitem como somos.

Tal atitude de ajuizamento alheio, certamente nos levará à imposição do próprio “desterro”, vertendo lágrimas magoadas de solidão e desengano, minando a felicidade que poderíamos desfrutar, caso fôssemos mais flexíveis com as falhas alheias e com as nossas próprias.

Um beijo carinhoso e bom final de semana!

5 comentários:

  1. gosto da temperatura que a chuva tras, mas não da chuva em si pois lembra tristeza,é bem o tema do texto mesmo,parece que tudo fica melancolico e nos remete ao passado.
    Ninguém está preparado para lidar com as tragedias da vida,por mais que tenhamos certeza delas.Gostei muito do texto!parabens!

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    1. Verdade, nunca estamos preparado para as tragédias, mas temos que nos adaptar a elas... Obrigada pelo comentário! bjk

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  2. Olá Linda! Obrigada pela visita e pelos comentários... A chuva é maravilhosa e tem este efeito. Tb amo as tarde frias, o outono, o inverno, a solidão das tempestades... Bjs e volte sempre!

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  3. Meu nome é António Batalha, estive a ver e ler algumas coisas de seu blog, achei-o muito bom, e espero vir aqui mais vezes. Meu desejo é que continue a fazer o seu melhor, dando-nos boas mensagens.
    Tenho um blog Peregrino e servo, se desejar visitar ia deixar-me muito honrado.
    Ps. Se desejar seguir meu blog será uma honra ter voce entre meus amigos virtuais, decerto irei retribuir com muito prazer. Siga de forma que possa encontrar o seu blog.
    Deixo a minha benção e a paz de Jesus.

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    1. Sr. Antonio, que palavras gentis e abençoadas... Seja sempre bem vindo ao meu cantinho. Saibas que sempre procuro escrever o que há de melhor em minhas observações do cotidiano; espero que consiga passar mensagens de reflexão e que agradem às pessoas que me prestigiarem com visitas e comentários, tal como o vc! Muito obrigada pela gentileza. Fiquei honrada com sua visita.

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