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Estava,
hoje, olhando as pequenas e constantes gotículas de chuva, que teimam em
derramar-se nesta tarde fria e melancólica.
Não
pude deixar de correlacionar o gotejar - ora impaciente, ora reticente - que
faz o tal fenômeno natural muito similar aos sentimentos de perda,
ressentimento ou desamor que se derramam em corações e mentes, muitas vezes
cientes de suas possibilidades, mas alheios ao fato de que podem
chegar em suas vidas.
Temos,
em muitos casos, a inocência (ou seria impáfia?) de imaginar-nos protegidos de
situações de perda ou desamor.
Tendemos
a crer que os desenganos, doenças ou tragédias, sempre se endereçarão aos
nossos vizinhos e amigos, visto que nossos umbrais, estão protegidos pela marca
da bem-aventurança.
Essa
atitude, mesmo que inconsciente, nos leva a “quedas” inenarráveis, por não nos
permitirmos sequer imaginar que determinada situação desagradável possa bater à
nossa porta (e entrar!). Quando isso ocorre, ficamos sem saber o que fazer, ao
vermos a realidade se transfigurando em uma forma monstruosa de “verdade
inquestionável” e, por não termos o tal plano B (que deveria existir na vida de
qualquer mortal), ficamos sem direção.
A
simples lembrança daquela pessoa querida (amigo, irmão, pai, mãe, avó, avô,
filho, cônjuge, etc), que se apartou de nós por causas naturais ou doença; ou
que nos abandonou após um desentendimento. Ou, pior ainda, a qual abandonamos à
própria sorte por a termos julgado, condenado e impingido a pena do desterro,
sem nem sequer termos lhe dado a chance de argumentar em defesa própria. Causando-lhe uma devastação na alma, que em muito se parece ao gotejar da chuva
fria e intermitente minando a base de uma montanha ou edificação.
Deveríamos
entender (ou procurar fazê-lo) que somos falhos e imperfeitos e esperar do
outro o que não estamos doando, ou se estamos, aceitarmos com alegria o que nos
é oferecido, evitaria muitos tropeços.
Os
veredictos feitos sem saber a motivação de determinada atitude (justificando-nos
com o manto da própria inocência e boa fé); imputando ao outro toda a sorte de
más intenções e desejos questionáveis, nos afastarão dos que amamos ou
pretendemos que nos aceitem como somos.
Tal
atitude de ajuizamento alheio, certamente nos levará à imposição do próprio “desterro”,
vertendo lágrimas magoadas de solidão e desengano, minando a felicidade que
poderíamos desfrutar, caso fôssemos mais flexíveis com as falhas alheias e com
as nossas próprias.
Um
beijo carinhoso e bom final de semana!
gosto da temperatura que a chuva tras, mas não da chuva em si pois lembra tristeza,é bem o tema do texto mesmo,parece que tudo fica melancolico e nos remete ao passado.
ResponderExcluirNinguém está preparado para lidar com as tragedias da vida,por mais que tenhamos certeza delas.Gostei muito do texto!parabens!
Verdade, nunca estamos preparado para as tragédias, mas temos que nos adaptar a elas... Obrigada pelo comentário! bjk
ExcluirOlá Linda! Obrigada pela visita e pelos comentários... A chuva é maravilhosa e tem este efeito. Tb amo as tarde frias, o outono, o inverno, a solidão das tempestades... Bjs e volte sempre!
ResponderExcluirMeu nome é António Batalha, estive a ver e ler algumas coisas de seu blog, achei-o muito bom, e espero vir aqui mais vezes. Meu desejo é que continue a fazer o seu melhor, dando-nos boas mensagens.
ResponderExcluirTenho um blog Peregrino e servo, se desejar visitar ia deixar-me muito honrado.
Ps. Se desejar seguir meu blog será uma honra ter voce entre meus amigos virtuais, decerto irei retribuir com muito prazer. Siga de forma que possa encontrar o seu blog.
Deixo a minha benção e a paz de Jesus.
Sr. Antonio, que palavras gentis e abençoadas... Seja sempre bem vindo ao meu cantinho. Saibas que sempre procuro escrever o que há de melhor em minhas observações do cotidiano; espero que consiga passar mensagens de reflexão e que agradem às pessoas que me prestigiarem com visitas e comentários, tal como o vc! Muito obrigada pela gentileza. Fiquei honrada com sua visita.
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